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Wellen Barros

Coluna "Sala de Concerto"
Uma arte atemporal
Wellen de Barros

O ballet “Uma em Quatro” é um revisitar de emoções criado pelo bailarino e coreógrafo João Wlamir, responsável por esse mergulho no interior do profissional da arte da dança. Uma homenagem ao artista, que narra através do movimento gestual  um mundo musical visível para o público que o assiste.

A Primeira Bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Ana Botafogo, é a personagem cicerone dessa viagem, numa arte atemporal.

Uma forma de contar recontando um reencontro de identidades, através de sua interpretação. Recorrendo à sua memória no ofício que escolheu como motivo condutor de sua própria vida.

Esse mergulho no inconsciente coletivo tem início com a poesia dramática de Wagner, onde o mundo de sombras entorpece o mundo da luz e ambos dão a forma empírica do passado ao se deparar com o presente.

O que é há de tão definitivo, que é capaz de dominar os mais algozes? Passado e presente... Onde nos localizamos?

Uma profissão que desafia a gravidade, em busca da perfeição inatingível.

Um aliado implacável, às vezes mocinho outras vilão. O espelho!

Confidente de todos os momentos, é pra ele que me apresento, é pra ele que me movimento, é para ele que mostro minha personalidade, mas será ele um bom conselheiro? Afinal, ele me faz crer que tudo posso e tudo sou.

E assim, a protagonista dessa viagem atemporal se reconhece em quatro personalidades:

A personalidade da bailarina que se reconhece bela, com gestos adequados e sempre lindos como sua medida de perfeição deseja.

A personalidade inquieta ganha força na linha musical de Bach e questiona seus limites, afinal, só a perfeição é o limite; então, o sofrimento toma conta e, com isso, tudo se torna uma grande dificuldade porque tudo tem que estar de acordo com o que desejo ser. Tudo é muito desgastante.

A personalidade equivocada do que seja ser de fato uma artista. É a linha o tempo na música de Ravel que entorpece os sentidos e confunde o bom senso.

A personalidade que capta com a sutileza poética de Debussy  o que é arte e reconhece  na própria vida uma obra de arte.

A  arte do ballet, por si só, apresenta uma certa ambigüidade na relação corpo e Ser.

Uma arte que consegue produzir beleza através da dor e, assim mesmo, ultrapassar essa dor. Um caminho árduo, solitário, que se obstina desde muito jovem em atingir o ângulo perfeito, a leveza mais sutil, o gestual mais etéreo. Tendo que ultrapassar cada limite humano para se transformar em personagem pública apesar da identidade pessoal.

É  Chopin  quem nos ajuda a refletir na variação dessa personagem  - uma ou única. O arpejo final de plenitude e sublimação.

Uma em quatro.


Para saber mais sobre o espetáculo “UMA EM QUATRO” – ANA BOTAFOGO, de de 8 a 18 de abril no TEATRO DO CENTRO CULTURAL CORREIOS (RJ) clique aqui para visitar o site dos Correios.

Espetáculo Uma em Quatro

 

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Wellen Barros - Primeiro Soprano integrante dos corpos artísticos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Coro). Preparadora artística de bailarinos premiados nos principais festivais de dança. Pesquisadora sobre música, dança, teatro e suas interpelações. Participante do grupo de estudo sobre o Dramaturgo William Shakespeare, sob orientação da maior especialista brasileira no assunto - Bárbara Heliodora. Administra o BLOG da primeira bailarina do Theatro Municipal - Cecília Kerche (Kercheballet - http://kercheballet.blogspot.com) e o BLOG Sala de Concerto (http://salaconcerto.blogspot.com).

E-mail: wellenmbarros@gmail.com

Publicado no Portal da Família em 13/04/2010

 

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