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O Desenvolvimento Neurológico do Bebê – Uma Perspectiva Neuro-Relacional
Joana Pereira Martins

O cérebro humano começa a desenvolver-se desde o momento da concepção humana: o ser humano que desde logo se desenvolve fisicamente dentro do útero materno, desenvolve-se também neurologicamente.

A mãe e o meio envolvente contribuem para o bom desenvolvimento físico do feto, através de uma boa alimentação, exercício físico recomendado, etc. Mas qual será a contribuição para o bom desenvolvimento neurológico do Bebê?

Um desenvolvimento neurológico adequado depende da riqueza e variabilidade de estímulos durante a produção de células nervosas que permitem a construção de uma rede de neurónios complexa e por sua vez de uma harmonia entre as ligações estabelecidas nessa rede (as sinapses).

Visto assim parece mais referir-se de uma “máquina humana em construção” e tudo isso seria verdade se esta construção harmoniosa não dependesse de algo tão simples mas carregado de estimulação e de sentimento – o amor transmitido desde logo a esse Bebê em desenvolvimento.

É por isso tão importante que cada vez mais os filhos sejam desejados e amados desde cedo, mesmo antes de serem concebidos, é necessário que o invólucro principal do embrião seja esse amor e essa consideração que, muitas das vezes, leva a mãe a abdicar dos seus próprios prazeres e vontades para garantir o bom desenvolvimento do seu filho.

O neurologista Paul McLean propôs, em 1952 a teoria do Cérebro “Triúnico”, em que sugere que o cérebro humano é especialmente dividido em três cérebros menores. O primeiro denominou por Cérebro Réptiliano, sendo este o cérebro mais pequeno e antigo, é o cérebro responsável pelas funções primárias do ser humano. Em seguida, surge o Cérebro Paleomamífero e este, tal como o nome indica, é comum a todos os mamíferos pelo que garante outro tipo de padrões adaptativos mais complexos, tais como a protecção, a auto-conservação, as emoções básicas, etc., nele está implícito o nosso sistema límbico, responsável pelas nossas emoções.

É de salientar que, no contexto de formação deste sistema, é realmente importante o vínculo mãe-Bebê e este tem de ser profundo, afável e confortável uma vez que terá repercussões extremamente importantes no desenvolvimento daquele ser humano.

Por último, este autor defende a formação de um terceiro cérebro e este sim garante o estatuto de ser superior a todas as outras espécies, o Cérebro Neomamífero que constitui o Neocortex, a sede da inteligência humana.

Esta perspectiva de desenvolvimento do cérebro humano não deve ser encarada do ponto de vista anatómico, ou evolutiva no sentido da corrente de evolução do Homem de qualquer tipo de animal irracional, antes deve ser visto como um desenvolvimento funcional, uma evolução neurológica do ser humano paralelamente à sua evolução fisiológica durante o período de gestação.

É assim que, de forma simplificada, funciona o psiquismo humano, quando o Bebê nasce e após passar por uma das situações mais traumáticas da sua vida – o parto, pouco mais tem do que um conjunto de reflexos que passam pela sucção, respiração e eliminação, por volta do décimo quarto mês adquire já outras noções, no entanto, para que estas aquisições se dêem adequadamente é necessário um ambiente harmonioso e uma boa estimulação, principalmente assegurada nesta fase pela relação mãe-Bebê. Factores como, a afectividade, a segurança, o contacto corporal com o Bebê, o toque são essencialmente importantes nesta fase do desenvolvimento do Bebê.

Toda a estimulação concedida à criança nesta fase tão precoce do seu desenvolvimento, permite um contacto positivo e uma aprendizagem com o mundo que a rodeia. Mas o desenvolvimento do sistema neurológico da criança ainda não está completo até por volta dos 7 anos de idade, mas com maior incidência em idades mais precoces do seu crescimento e desenvolvimento, as inter-ligações entre a rede de neurónios, as chamadas sinapses continuam a desenvolver-se e a marcar a transição para um ser humano inteligível permitindo o desenvolvimento de uma plasticidade cerebral e uma chegada à fase adulta de um ser humano mais apto.

Ao analisar todo este percurso de desenvolvimento do cérebro humano, numa perspectiva das relações estabelecidas entre os seres humanos desde o momento da concepção até atingir a fase adulta, percebe-se toda a importância de um período de gestação calmo e rico em estímulos, sendo influenciado por inúmeros factores de ordem física, emocional e social.

No entanto, há que ter consciência que, tal como esta rede neuronal pode crescer e desenvolver-se de forma a criar seres humanos sem problemas neurológicos, também poderá ser a causa da morte de muitos dos neurónios e do empobrecimento das ligações estabelecidas entre os mesmos se as condições para este desenvolvimento não forem favoráveis.

É cada vez mais necessário tomar consciência desta situação e da necessidade de amar, estimular e proporcionar o melhor àquela nova vida que se desenvolve de forma física, psicológica e social dentro do útero materno.

 

Joana Pereira Martins é Técnica de Psicomotricidade

Fonte: Psidescoberta, Lda - Centro de Psicologia e Formação

Pct. Abel Salazar, nº40-Loja A - Quinta do Conde - Portugal
E-mail: psidescoberta@gmail.com
Site: www.psidescoberta.com

Publicado no Portal da Família em 30/11/2008

 

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