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Floriano Serra

Coluna "Em Família"

Ciúmes em Família V: Entre cônjuges

André Pessoa

Entre milhões de homens e mulheres os cônjuges se escolheram para reinar mutuamente sobre a vida do outro, entre promessas de amor eterno, assumidas perante a sociedade, os amigos e Deus. É natural que este sentimento de apreço se perpetue no decorrer da vida a dois.

Em um motorista que dirige, a mão direita está pendente de determinado comportamento da mão esquerda e vice versa. Quando a mão direita muda de marcha, o que se espera da esquerda é que segure firme o volante. E ao contrário, quando a mão esquerda regula o espelho externo. Se uma das mãos está dispersa do rumo da vida a dois, os acidentes acontecem. É justo que, de uma forma ou de outra, a mão direita queira saber se a esquerda está focada e vice versa.

Quando se descuida dos pequenos detalhes, e se permite que outros interesses ocupem o primeiro plano, que seria próprio das delicadezas de tratamento devidas ao cônjuge, o ciúme se manifesta. É um sentimento de posse fidedigno, pois no matrimônio cada um dispõe da própria vida para a construção e condução, em conjunto, de uma vida a dois e para formação de uma família.

Pelos motivos citados acima, é injusto se afirmar que o ciúme no matrimônio seja meramente um sentimento de posse gerado por desconfiança do outro e insegurança da força do amor mútuo. Mesmo porque, o sentimento muitas vezes tem seus motivos que a própria razão desconhece.

Por outro lado, esta desconfiança é saudável quando se refere a si próprio. Será que a imaginação que prolifera no cônjuge é assim tão inusitada? Afinal, somos feitos de carne e osso e todo cuidado é pouco. Pode de fato a nossa vontade ficar debilitada pelo álcool, pelo cansaço, pelas viagens a trabalho, pela auto-estima abalada com os percalços do dia a dia, etc... Desconfiar de si próprio, e manter-se alerta, é prova de amor à família e ao cônjuge.

Neste sentido, o próprio ciúme pode ser uma desculpa inquestionável para fugir de situações comprometedoras. “Pessoal, vocês me desculpem, mas meu cônjuge é muito ciumento. Não posso dar uma mancada desta”. Nestas horas, nada como colocar a culpa no ciúme do cônjuge! Quem tem ciúmes de você é porque o ama, e se você procura evitar situações que poderiam provocar ciúmes é porque você ama. No fundo no fundo, todos entendem, apesar de alguns contestarem em prol do relativismo reinante, por inveja ou gratuitamente para zoar de você.

A verdade, entretanto, é que o ciúme do cônjuge não é assim “tão” bem recebido pelo outro, pois incomoda e desconcerta. Somos pegos de surpresa por relevarmos algum pequeno detalhe ou por evidenciar nosso egoísmo. Quando não damos o braço a torcer, surge o conflito.

Uma das soluções sábias para manter a harmonia do casal é a prática da empatia. Entrar na pele do outro, em “sua” estrutura de raciocínio, para entender seus reais motivos. Esta é uma técnica de negociação eficaz.

Daí fica mais fácil chegar a uma solução que atenda a ambos. Muitas vezes o ciúme é gerado por uma decisão tomada à revelia, sem alinhamento de ambas as partes. Eis alguns exemplos. A prática esportiva no sábado à tarde, ou na quinta a noite, provoca ciúmes no cônjuge? Então vamos acordar às cinco da manhã para praticar quando estão todos ainda dormindo, e deixar as horas nobres para estar com o cônjuge e a família. Fica o cônjuge com ciúmes pela freqüência em happy-hours ou comemorações noturnas da empresa? Então o convidamos para ir juntos ao evento. Dançar com um colega da empresa ou de relacionamento antigo gera ciúmes no cônjuge? Então evitamos, e vamos, o casal, conversar com aquela pessoa. São alguns exemplos que dependem do exercício de empatia e do esforço de buscar os reais motivos dos ciúmes do cônjuge, para contorná-los.

As manifestações de ciúmes podem por outro lado, se excederem, em busca da posse absoluta do outro. Quem ama busca o desenvolvimento integral da pessoa amada. Isto significa que o cônjuge entenda que, antes do amor terreno, vem o amor a Deus e a sua prática. Que o cônjuge tem o direito de ter seus amigos particulares. Exemplos de grupos de rapazes ou de moças que se encontram eventualmente para almoçar e colocar o assunto em dia. Significa que o cônjuge entenda que o outro tem direito de se realizar profissionalmente, e de ser útil como cidadão à sociedade. Quando o ciúme cresce a ponto de egoistamente sufocar e anular totalmente algumas destas áreas de relacionamento a terceiros, então a busca de um especialista pode ser útil.

O ciúme saudável entre casais é aquele sutil, que escapole sem querer num suspiro ou num olhar, por ser regido pela emotividade e não pela racionalidade. O cônjuge sábio capta no ar tais insatisfações, e, ao invés de se enfadar, se esforça por corrigir o rumo das próprias ações. Convida depois o outro, quando os sentimentos estiverem menos exaltados, para conversas de fundamentos com fim de realinhar as prioridades de ambos à congruência do matrimônio, em busca da harmonia da vida a dois e do bem estar e consolidação da família.


Este artigo faz parte de uma série de textos intitulados Ciúmes em Família, de André Pessoa

Ciúmes em família 1: A chegada de um novo irmão

Ciúmes em Família 2: Entre irmãos

Ciúmes em Família 3: Brigas entre irmãos

Ciúmes em Família 4: Os ciúmes dos pais em relação aos filhos

Ciúmes em Família 5: Entre cônjuges

Ciúmes em Família 6: Entre namorados

Veja também a série:

Cabo de Guerra

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André Pessoa é pai de seis filhos, Mestrado em Orientação Familiar por Navarra, ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995; Graduado pelo IME (Engenharia), Pós-Graduado pela PUC (Administração), FGV (Contabilidade Gerencial), ISE (Programa de Treinamento de Executivos) e Navarra (Orientação Familiar); Consultor da Accenture.
e-mail: andre.v.pessoa@gmail.com

Publicado no Portal da Família em 02/07/2013

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