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O retorno ao parto normal

Eduardo Gama

Organizações de saúde e o governo estão promovendo campanhas para que as gestantes optem pelo parto normal

A primeira cesariana em que mãe e filho sobreviveram só foi realizada em 1794, nos Estados Unidos. Na década de 40, a cesariana tornou-se uma cirurgia utilizada com sucesso em partos de alto risco. Atualmente ela é tão comum que médicos e organizações de saúde estão preocupados com a substituição do parto normal pela operação cirúrgica.

Nos Estados Unidos, 25% dos partos são realizados por cesariana. Segundo Ashley Hill, médico do departamento de obstetrícia e ginecologia do Florida Hospital, a chance da mãe morrer durante uma cesariana é de 20 para cada 100 mil. "Embora este não seja um número especialmente alto, é bem superior ao do parto normal", afirma. No Japão, a porcentagem de cesarianas é de 8% do total de partos, e no Reino Unido, 10%. Por que a diferença entre os países é tão grande? Segundo pesquisa realizada pela Universidade Brown, nos Estados Unidos, os médicos e gestantes optam pela operação porque o parto normal pode demorar mais.

No Brasil, um levantamento feito em 1997 pelo Sistema Único de Saúde (SUS) revelou que 36% dos bebês nasciam por cesariana. O elevado índice de cirurgias preocupou o Ministério da Saúde, que tem realizado, por meio do SUS, a campanha "Parto Normal é Natural". Essa ação está incentivando médicos e gestantes a ver o parto normal como primeira opção para os nascimentos. O Ministério da Saúde, limitou em 35 os partos cirúrgicos reembolsados pelo Governo. Caso a maternidade supere esse número terá de arcar com as despesas. Para incentivar o parto normal, o Governo passou a reembolsar os analgésicos utilizados e o valor pago nesse procedimento. Em um ano, o número de cesariana caiu 4,1%.

Com a campanha em andamento, já é possível verificar alguns resultados. Na região norte de Minas Gerais, a Maternidade Caldas Barbosa iniciou um programa de qualidade em assistência à gestante. Com a implementação da iniciativa, a porcentagem de cesarianas caiu de 41% para 25% em 3 anos. Esse índice, apesar de alto, é considerado aceitável, pois a Maternidade Caldas Barbosa presta assistência à mulheres que apresentam gravidez de alto risco.

A cesariana só se torna um bom procedimento quando há riscos para mãe ou filho. Em relação ao parto normal, apresenta de 7 a 20 vezes mais chance de infeções e complicações para a mãe. Em cirurgias marcadas com antecedência, a chance da mãe ter alguma hemorragia é 8 vezes maior, pois o útero não segue o curso natural dos acontecimentos.

Por que a cirurgia é tão usada por médicos? O motivo mais alegado é o tempo de espera até o nascimento do bebê. O parto normal pode durar até 10 horas, enquanto a cesariana leva em média 40 minutos. Entre os médicos, a cesariana é chamada "Parto-Guarujá", já que permite a "previsão" do nascimento do bebê, principalmente às quintas-feiras. Outro fator é a falta de informação das gestantes, que acham a cesariana um processo indolor. Entretanto, a recuperação é mais lenta que no caso do parto normal.

O Amparo Maternal, hospital de São Paulo que atende gestantes sem condições financeiras, realiza certa de 35 partos por dia. O diretor, Emílio Ferranda, diz que não se pode desprezar o parto cirúrgico quando há risco para a mãe. "Mas aqui esperamos para analisar qual é a melhor solução para cada caso, porque nós não trabalhamos com pressa". O Governo Federal acaba de indicar o Amparo Maternal como centro de formação de mão-de-obra especializada para o parto normal.



www.interprensa.com.br


 

Fonte: INTERPRENSA - ANO IV - Número 36

 

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